07/06/2012

As Canções - Eduardo Coutinho

Assisti As Canções do diretor Eduardo Coutinho. Fui sem ler resenha alguma, afinal era um Eduardo Coutinho diretor do qual sou fã sem especialista, porque afinal não sou especialista em nenhum autor, tenho minhas "grifes" .
De cara o filme remeteu-me ao anterior Jogo de Cena. Saí do cinema pensando se seria a resposta da música à interpretação... Mas se em Jogo de as Cena tínhamos algumas atrizes famosas, em As Canções famosas, apenas as músicas e as histórias, por inusitadas que fossem, todas girando em torno do amor, da emoção de ter-se amado um dia  ou de ter-se amado menos que se podia mas no fundo amores perdidos.
As pessoas entram num palco de cortinas escuras, cadeira escura cantam suas canções e contam suas histórias ou vice-e-versa, levantam-se e saem dali provavelmente diferente do que entraram porque eu me senti diferente de quando entrei para ver o documentário. Mesmo as pessoas que mais leves, deixam o peso de uma história. Mesmo aqueles que contam de maneira a provocar risos, falam de dramas um pedaço que se foi e que a canção permanece a preencher.
Pergunto-me qual o segredo de Coutinho a deixar pessoas tão à vontade contando particularidades, sim, eu sei são  histórias pessoais já divididas, partilhadas com aqueles com quem convivem. Mas teriam sido as canções que fizeram do diretor alguém íntimo para que abrissem o coração antes de cantar a plenos pulmões?
O filho que dizia não ao pai, o homem que dizia não à esposa, a mulher que ouviu tantos nãos do seu afeto durante 30 anos de idas e vindas, o homem que mudou-se do interior depois de perder em curto período esposa e familiares. O coronel que hoje lava a louça e leva a esposa de carro ao médico, a mulher que perdeu o amante após  ganhar centímetros a mais na cinturinha de pilão, a jovem agora uma senhora expulsa de casa por ser mãe solteira que encontra o amor da sua vida quando tentaria dar fim a sua vida e da própria filha. Cantora do programa do Ary Barrozo aposentada. Histórias, emoções mesmo que em torno do mesmo tema, tão diferentes umas das outras, geradas por um sentimento que todos tivemos um dia, de ter amado e ter perdido. De continua amando mesmo preterido.
Coutinho e seu método, penumbra, cadeira, exposição poderia ser um dentista, mas é que a dor do paciente fica com a gente...

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